Coisas de Bruxa

Linha do tempo da Bruxaria
a.e.c = antes da era cristã
d.e.c. + depois da era cristã
Cerca de 12000 a 10000 a.e.c.
- Encontradas estatuetas de uma Deusa da Fertilidade;
- Pinturas ruprestres na França e Espanha descrevem danças circulares e um Deus (ou um sacerdote representando um Deus) vestindo peles de animais e chifres;

Cerca de 6000 a.e.c.
- A Bretanha tornou-se uma ilha – anteriormente, era unida ao continente europeu;
De 6000 a 5000 a.e.c.
- Início da agricultura no Oriente Próximo; antes viviam da caça (isso significa que o conceito de fertilidade da terra foi acrescentado ao da fertilidade humana e dos rebanhos – assim, novos ritos e crenças foram adicionados à religião e à magia);
- A agricultura também trouxe ao paganismo a importância do Sol e da Lua na vida das pessoas (colheitas, ciclos, morte, renascimento etc.);
3000 a.e.c.
- Neolíticos começam a se estabelecer na Bretanha (dizem que tais povos vieram do Norte da Ásia e, com isso, trouxeram consigo muitos cultos do Além Mundo, como por exemplo de Ísis e Osíris no Egito, em seus conceitos essenciais);
3350 a.e.c.
- Zodíaco de Glastonbury (sugere que as formas das colinas, rios etc ao redor de Glastonbury deram origem às figuras do zodíaco);
2000 a.e.c.
- Povos do início da Idade do Bronze chegam à Bretanha atraídos pelas minas de estanho;
- Construção dos aterros circulares;
1800 a.e.c.
- Construção de Stonehenge e da maioria dos monumentos megalíticos (que até hoje são lugares de poder para cultos pagãos);
1103 a.e.c.
- Refugiados de Tróia fundam Londres (data aproximada);
Século V a.e.c.
- Povos célticos da cultura hallstadt da Idade do Ferro invadiram a Bretanha e ocuparam partes do sudeste. Trouxeram armas de ferro e utensílios, e acredita-se que tais povos trouxeram os druidas como seus sacerdotes, mas é possíveis que os druidas fossem sacerdotes de tribos ainda mais antigas;
55 a.e.c.
- Tentativa fracassada de Júlio César de conquistar a Bretanha;
37 d.e.c.
- José de Arimatéia, com alguns companheiros, refugia-se da Palestina depois da crucificação e funda a primeira igreja cristã na Bretanha, em Glastonbury;
43 d.e.c.
- Um exército romano desembarca na Bretanha e ocupa o país durante 40 anos;
61 d.e.c.
- A Revolta de Boudicca (Boadicea);
- Massacre dos druidas pelo Império Romano;
120 d.e.c.
- A Bretanha é incorporada ao Império Romano por meio de tratado;
324 d.e.c.
- Por decreto do Imperador Constantino, o Cristianismo torna-se a religião oficial do Império Romano;
410 d.e.c.
- Queda de Roma e fim do domínio romano na Bretanha (foi neste quinto século que o rei Arthur deve ter vivido, caso tenha tido uma existência histórica);
553 d.e.c.
- O Conselho de Constantinopla declara a doutrina da reencarnação como sendo uma heresia;
597 d.e.c.
- Santo Agostinho traz o Cristianismo Papal para a Bretanha, agora extensivamente estabelecido entre os anglos, saxões, jutos e dinamarqueses;
607 d.e.c.
- recusa dos cristãos célticos em reconhecer a supremacia de Roma;
- Massacre dos bispos célticos;
- Incêndio da biblioteca de Bangor;
Século VIII
- “Liber Poenitentialis”, de Theodore, proibe a prática da dança usando máscaras de animal, especialmente as de animais de chifres (as pessoas tinham o costume de dançar usando máscaras, como os pagãos faziam);
900 d.e.c.
- O Rei Edgar lamentou o fato de que os Antigos Deuses eram muito mais adorados em seus domínios do que o Deus cristão;
906 d.e.c.
- Regino, em seu “De Eclesiástica Disciplinis”, apresenta o famoso “Canon Episcopi”, denunciando as “mulheres más” que cavalgavam pela noite “com Diana, a deusa dos pagãos”, obedecendo-a como uma deusa e sendo chamados ao seu serviço em certas noites. Esse texto serviu de autorização para a morte de milhares de pessoas;
1066: A conquista Normanda;
1090 a 1270: A era das Cruzadas que terminou em fracasso;
1100: Morte de William Rufus (que provavelmente era um pagão);
1207: Papa Inocêncio III começou a pregar a Cruzada Albigense, dirigida contra os cátaros no Sul da França;
1234: Extermínio dos Stendigers;
1290: Eduardo I expulsa os judeus da Bretanha;
1303: O Bispo de Coventry foi acusado de Bruxaria pelo papa;
1307 a 1314: Perseguição dos Cavaleiros Templários;
1316 a 1334: Período do papado de João XXII, autor de alguns dos primeiros decretos formais contra a Bruxaria;
1324: Julgamento de Dame Alice Kyteler pelo Bispo de Ossory. Ela refugiou-se na Bretanha, onde tinha amigos “bem colocados”; diziam que o Bispo era um deles e a julgou depois que esta cortou relações;
1349: Fundação da Ordem da Jarreteira por Eduardo III (que pode ter sido pagão);
1406: Rei Henrique IV instrui o Bispo de Norwich a procurar e prender as bruxas e feiticeiros na sua diocese;
1430: Julgamento de Joana D’Arc;
1484: Bula Papal do Papa Inocêncio VIII, “Summis desiderantes affectibus”, um ataque feroz aos hereges e bruxas);
1486: Publicação do “Malleus Malleficarum”, sinal da perseguição severa e difundida;
1541: A lei da Bruxaria foi aprovada no reinado de Henrique VIII. Isso indica que as bruxas eram reconhecidas como uma seita herética e confirma a velha história da “era das fogueiras”;
1547: A lei de Henrique VIII foi revogada por Eduardo VI;
1562: Outra lei da Bruxaria foi aprovada, no reinado de Elizabeth I. Na primeira ofensa, a punição era a exposição ao ridículo e, depois de três condenações, morte;
1563: O Parlamento da Rainha Mary, Rainha dos Escoceses, aprovou uma lei decretando morte às bruxas, o que resultou em uma média de 200 mortes por ano, durante um período de 39 anos. Durante os 9 primeiros anos, os números não chegavam a tanto, mas entre os anos de 1590 a 1593, as mortes chegaram a 400 por ano;
1584: Primeira edição de “Discoverie of Witchcraft”, primeiro livro a abordar a Bruxaria de forma racionalista e longe dos absurdos pregados; James I ordenou que o livro fosse queimado;
1597: James VI da Escócia publicou em Edimburgo seu tratado de Demonologia e Bruxaria, o que significa apoio da realeza à caça às bruxas;
1604: A Lei da Bruxaria de James I, a mais severa já introduzida na lei civil inglesa. Havia uma lista de 3 mil bruxas que foram executadas e, a partir daí, o número de execuções anuais foi para 500 (apenas na Bretanha). Durou muitos anos;
1644: Matthew Hopkins começou seu negócio como “General Caçador de Bruxas”, transformando-o em uma carreira lucrativa, oferecendo 20 xelins por bruxa encontrada; em seguida, ele teve vários imitadores;
1681: Lançamento do livro “Sadducismus Triumphatus”, em resposta à crescente descrença das pessoas mais instruídas a respeito da caça às bruxas; tinha-se tornado algo enfadonho;
1711: Último julgamento de Bruxaria na Grã-Bretanha. Jane Wenham foi julgada e considerada culpada pelo júri, condenada à morte, porém, o juiz não aceitou as provas e revogou o caso, libertando-a;
1722: Uma idosa foi queimada como bruxa em Domoch, na Escócia. Esta foi a última execução judicial na Escócia;
1735: No reinado de George II, a lei de Bruxaria de 1735, a qual dizia que, na verdade, a Bruxaria não existia e que ninguém deveria ser processado por isso no futuro, mas quem “fingisse” ter poderes paranormais deveria ser processado como impostor;
1749: Girolamo Tartarotti publicou o livro “Del Congresso Nottorno delle Lammie”, afirmando que a Bruxaria era derivada do antigo culto a Diana e fez uma distinção entre esta e a magia cerimonial, que procurava conjurar demônios; foi um dos primeiros escritores a tomar essa linha;
1809: Velhas idéias ainda persistem na escócia, quando é publicado o Dicionário de Brown, dizendo que uma bruxa é aquela que tem ligações com o diabo;
1848: O Espiritualismo moderno foi fundado como resultado das investigações dos fenômenos produzidos pelas irmãs Fox na América (tais fenômenos já tinham ocorrido antes, mas jamais foram investigados). A Igreja denunciou o Espiritualismo como “diabólico”;
1857: Allan Kardec reintroduziu publicamente a antiga doutrina da reencarnação na Europa;
1892 a 1897: Dr. Charles Hacks e Gabriel Jogand publicaram na França uma série de “revelações acerca do Satanismo”, com o máximo de sensacionalismo, mas nas quais o clero acreditava piamente. A maioria das descrições modernas de “Satanismo” são, na verdade, baseadas em tais “revelações”;
1921: A Dra. Margaret Alice Murray publica o famoso “Culto das Bruxas na Europa Ocidental”, seguido de “O deus das Feiticeiras”. Nesses livros, a autora declarou que a Bruxaria era o que restou das antigas religiões pagãs dos europeus, e não um culto ao diabo;
1939: Data aproximada em que Gardner começou a praticar Bruxaria;
1948: Publicação de “A Deusa Branca”, de Robert Graves, sobre as culturas de culto à Deusa;
1949: Gerald Gardner, sob o pseudônimo “Scirce”, publicou um romance histórico chamado “High Magic’s Aid”. pelo que consta, era o primeiro livro escrito por um bruxo iniciado;
1951: Revogação das últimas leis anti-Bruxaria na Inglaterra;
1954: Publicação do livro “A Bruxaria Hoje”, de Gerald Gardner, o primeiro livro falando realmente sobre quem eram as bruxas e o que faziam;
1955: Uma mulher foi queimada como bruxa no México, a 85 milhas do Texas, sob as ordens de um sacerdote local, realizada pela polícia da cidade;
1963: Iniciação de Raymond Buckland no coven de Gardner;
1963 a 1965: Introdução da Wicca nos Estados Unidos por Raymond Buckland;
1964: A Wicca Alexandrina, ramificação da Gardneriana, entra nos Estados Unidos;
1971: Publicação do livro “Witchcraft From Inside”,d e Raymond Buckland; no mesmo ano, foi publicado o livro “What Witches Do”, dos Farrar;
1974: Publicação do “Livro das Sombras” de Lady Sheeba, uma versão do BOS gardneriano; no mesmo ano, Raymond Buckland publica “The Three”, afirmando que não existe nenhum problema em um bruxo iniciar a si mesmo e montar um coven, mesmo sem estar preparado para tal; depois deste livro, outros sugerindo o “como se iniciar” surgiram no mercado, aproveitando a onda;
1975: Início dos festivais pagãos, tais como o Pagan Spirit Gathering e o Pan Pagan, que duram até hoje; outros festivais foram surgindo durante a década seguinte;
1979: Publicação de “Dança Cósmica das Feiticeiras”, de Starhawk;
1996: Estréia do filme “Jovens Bruxas”, inspirado na religião Wicca;
1997: Lançamento da série Harry Potter que, junto com a internet, impulsionou um verdadeiro boom de buscas e informações sobre Bruxaria no mundo cada vez por mais pessoas;
Inquisição
Em uma época em que o poder religioso confundia-se com o poder real, o Papa Gregório IX, em 20 de abril de 1233 editou duas bulas que marcam o início da Inquisição, instituição da Igreja Católica Romana que perseguiu, torturou e matou vários de seus inimigos, ou quem ela entendesse como inimigo, acusando-os de hereges, por vários séculos.
A bula “Licet ad capiendos”, a qual verdadeiramente marca o início da Inquisição, era dirigida aos dominicanos, inquisidores, e era do seguinte teor:
“Onde quer que os ocorra pregar estais facultados, se os pecadores persistem em defender a heresia apesar das advertências, a privar-los para sempre de seus benefícios espirituais e proceder contra eles e todos os outros, sem apelação, solicitando em caso necessário a ajuda das autoridades seculares e vencendo sua oposição, se isto for necessário, por meio de censuras eclesiásticas inapeláveis”.
No mesmo ano, foi nomeado inquisidor da região de “Loira”, Roberto el Bougre, que com saques e execuções em massa, logo após dois anos foi promovido a responsável pela inquisição em toda a França.
Em 1252, o Papa Inocêncio IV editou a bula “Ad extirpanda”, a qual instucionalizou o Tribunal da Inquisição e autorizava o uso da tortura. O poder secular era obrigado a contribuir com a atividade do tribunal da igreja.
Nos processos da inquisição a denúncia era prova de culpabilidade, cabendo ao acusado a prova de sua inocência. O acusado era mantido incomunicável; ninguém, a não ser os agentes da Inquisição, tinha permissão de falar com ele; nenhum parente podia visitá-lo. Geralmente ficava acorrentado.
O acusado era o responsável pelo custeio de sua prisão. O julgamento era secreto e particular, e o acusado tinha de jurar nunca revelar qualquer fato a respeito dele no caso de ser solto. Nenhuma testemunha era apresentada contra ele, nenhuma lhe era nomeada; os inquisidores afirmavam que tal procedimento era necessário para proteger seus informantes.
A tortura só era aplicada depois que uma maioria do tribunal a votava sob pretexto de que o crime tornara-se provável, embora não certo, pelas provas.Muitas vezes a tortura era decretada e adiada na esperança de que o medo levasse à confissão.
A confissão podia dar direito a uma penalidade mais leve e se fosse condenado à morte apesar de confesso, o sentenciado podia “beneficiar-se” com a absolvição de um padre para salvá-lo do inferno. A tortura também podia ser aplicada para que o acusado indicasse nomes de companheiros de heresia.
As testemunhas que se contradiziam podiam ser torturadas para descobrir qual delas estava dizendo a verdade. Não havia limites de idade para a tortura, meninas de 13 anos e mulheres de 80 anos eram sujeitas à tortura.
As penas impostas pela inquisição iam desde simples censuras (leves ou humilhantes), passando pela reclusão carcerária (temporária ou perpétua) e trabalhos forçados nas galeras, até a excomunhão do preso para que fosse entregue às autoridades seculares e levado à fogueira.
Castigos esses normalmente acompanhados de flagelação do condenado e confiscação de seus bens em favor da igreja. Podia haver privação de herança até da terceira geração de descendentes do condenado. Obrigação de participar de cruzadas tembém foi pena durante o século XIII.
Na prisão perpétua, considerada um gesto de misericórdia, o condenado sobrevivia a pão e água e ficava incomunicável. Nem o processo nem a pena suspendiam-se com a morte, pois a inquisição mandava “queimar os restos mortais do hereje e levar as cinzas ao vento”, confiscando as propriedades dos herdeiros.
Havia também, muito comum na inquisição portuquesa e na espanhola, a execução em efígie, onde era queimada a imagem do condenado, quando este fugia e não era encontrado. Livros também eram levados à fogueira.

1º de junho de 1563: leis anti-Bruxaria começam a vigorar
No dia 1º de junho de 1563, o English Witchcraft Act (“ato inglês anti-Bruxaria”) passou a vigorar. Ele ficou válido até 1951, quando a última lei anti-Bruxaria foi revogada. Nesse período, muitas pessoas foram perseguidas e mortas.
O ano de 1951 ficou marcado pelo lançamento do livro “O Significado da Bruxaria“, de Gerald Gardner, que levou ao público o que era a Bruxaria Moderna, que a Antiga Religião ainda resistia etc. Em 1954, ele lançou seu outro trabalho “A Bruxaria Hoje“. Ambos os títulos são encontrados com tradução para o português.
Ao contrário do que muitos pensam, nunca houve uma lei americana proibindo a Bruxaria – o episódio em Salem, por exemplo, aconteceu enquanto os Estados Unidos ainda eram uma colônia inglesa. Em 1985, o governo americano reconheceu a Wicca como uma religião legítima.
Bruxaria moderna
A Bruxaria Moderna, conhecida como Wicca, nasceu na década de 1950 com Gerald B. Gardner, um bruxo inglês. Apesar de dizer ser um conjunto de crenças e práticas muito antigas, Gardner acreditou que a Bruxaria estava fadada à extinção e que a Wicca seria o “reavivamento” da Bruxaria. Dessa forma, iniciado por bruxas tradicionais, ele resolveu dar uma nova roupagem à Antiga Religião e trazê-la à tona, porém incluiu tanta coisa junto que a Wicca está longe de ser sinônimo de Bruxaria, especialmente porque não havia “uma Bruxaria”, unificada, padronizada. De qualquer forma, quando as últimas leis anti-bruxaria foram revogadas na inglaterra, Gardner lançou seus dois livros, o ‘Bruxaria Hoje’ (Witchcraft Today, 1954) e ‘O Significado da Bruxaria’ (The Meaning Of Witchcraft, 1957).
Gardner sempre foi bastante criticado, sendo acusado de deturpar a Bruxaria, misturando-a a outros sistemas como Magia Cerimonial, Maçonaria e Thelema. Até hoje, há aqueles que se dividem em pró-gardnerianos e anti-gardnerianos.
Os “pró-gardnerianos” são aqueles que acreditam nas boas intenções de Gerald Gardner. Acreditam que ele quis revitalizar a Bruxaria, trazendo suas crenças para o mundo atual, por isso a relação com outros sistemas mágicos. Em seu livro ‘Bruxaria Hoje’, Gardner realmente diz achar que a Bruxaria estava morrendo, já que eram poucos os jovens interessados em continuar com as crenças de seus pais.
Os “anti-gardnerianos” são aqueles que acreditam que ele tenha deturpado sim o que é considerado “Bruxaria de verdade”. Procuram seguir uma linha da Bruxaria totalmente desvinculada da Wicca, baseada tão somente nas práticas simples ligadas à Natureza, sem o cerimonial comum na Wicca. Segundo eles, isso foi uma invenção de Gardner.
Em toda essa discussão, ambos têm suas razões, mas devemos aceitar o fato de que, se não fosse pela divulgação de Gardner, muitos não estariam aqui hoje. Talvez nem tivéssemos acesso às dezenas de livros, grupos, festivais públicos e amizades pagãs via Internet. Sejam quais forem as intenções de Gardner, ele conseguiu trazer a Bruxaria de volta para o mundo.
A Bruxaria se popularizou demais?
Alguns afirmam que sim.
Isso é um problema?
Só nós podemos responder.
O que é importante ter sempre em mente é que, apesar de a Wicca ser chamada de Bruxaria Moderna, ela não é sinônimo de Bruxaria, muito menos um “reavivamento da Antiga Religião”. Não tem nada a ver. Gardner pode ter bebido na fonte de ritos antigos, mas a Wicca está longe de ser Bruxaria, somente.
Gerald Gardner
Descendente de escoceses, Gerald Brousseau Gardner, é o responsável pelo ressurgimento da bruxaria no mundo ocidental.
Traçava sua descendência até uma mulher chamada Grissell Gardner, que em 1610 havia morrido queimada como bruxa. Tendo morado em Borneo, na Malásia e no Ceilão, Gardner travou contato com a religião e os ritos dos nativos destes locais, o que o influenciou mais do que o próprio cristianismo.
Após se casar, Gardner voltou a Grã Bretanha, em 1936. Passava boa parte de seu tempo viajando para locais de arqueologia interessante, como Chipre, onde via coisas com que havia sonhado anteriormente, o que acabou por convencê-lo de que havia tido vidas anteriores.
Nessa mesma época conheceu pessoas que o apresentaram a bruxaria, tendo se envolvido com sociedades secretas e com um grupo que dizia praticar a bruxaria há séculos initerruptamente.
Neste grupo de New Forest, Gardner foi iniciado pela Alta Sacerdotisa Old Dorothy Clutterbuck dias antes do início da Segunda Guerra Mundial.
Através do amigo Arnold Crowther, Gardner conheceu Aleister Crowley em 1946, que o faria membro honorário da Ordo Templi Orientis (OTO). Especula-se que Gardner teria incorporado a seus rituais da Arte, conceitos e informações de Crowley, o que é negado por Patricia Crowther, uma das mais conhecidas iniciadas de Gardner.
Quando a Lei contra a Bruxaria foi abolida em 1951, Gardner cortou laços com o Coven de New Forest. Em 1953 iniciou Doreen Valiente em seu coven, com quem reescreveu seu Livro das Sombras e muitos rituais, o que viria a se tornar o Livro das Sombras da Tradição Gardneriana.
Em 1954 publicou o livro de não ficção ‘Witchcraft Today’, que viria a se tornar um marco na história da Wicca. Margaret Murray, uma antropóloga britânica, escreveu o prefácio. O livro colocou Gardner na mídia, que passou a considerá-lo o “Chefe dos Bruxos”.
Muitos são os que duvidam da iniciação de Gardner no Coven New Forest e da originalidade de seus Livros das Sombras, outros o criticam por ter exposto a Antiga Religião ao público “leigo”, mas uma coisa é certa, ele, que tinha medo da Arte sumir por ser uma “religião de velhos”, conseguiu atrair as novas gerações, transformando a bruxaria numa das religiões que mais crescem em nosso mundo nos dias de hoje.
Gardner morreu na viagem de volta do Líbano, em 1964, deixando como beneficiários de seus escritos, objetos e demais coisas, Monique Wilson (Lady Olwen), Patricia Crowther e Jack L. Bracelin.
Bruxaria
A Bruxaria hoje é um ofício que se utiliza da magia natural (= magia da natureza) para obter fins específicos. Existem diversas formas de práticas e variadas ramificações dentro do que chamamos de Bruxaria,  por isso fica extremamente complicado criar uma definição generalizada, mas vamos tentar estabelecer algumas diretrizes.
A Natureza é o divino. Não se cultua um único deus, uma única deusa, ou obrigatoriamente qualquer divindade. Trata-se de uma celebração da Natureza e dos seus ciclos.
A Bruxaria é pagã. Quando dizemos pagão, estamos nos remetendo à origem do termo, que vem do latim paganus. Paganus significa “morador do campo” ou “aquele que vive do campo”. Esse foi o termo usado pela Igreja Católica para classificar os povos que moravam no campo e celebravam as colheitas e os ciclos do Sol e da Lua, que não moravam nas cidades e não eram cristãos.
Vale lembrar que tais pessoas dependiam essencialmente da natureza para sobreviver. Assim, para eles era comum festejar uma colheita que vinha farta e trazia comida para todo o inverno, pois isso significava vida para eles. Esses povos não eram católicos nem cristãos, não por se oporem a essas religiões, mas por suas crenças serem milhares de anos mais antigas. Eram as crenças deles, apenas, e diferiam das crenças cristãs assim como o Budismo ou o Hinduísmo diferem. Para eles, a magia era real. Era a crença de que, se eles não fizessem determinado ritual, o sol não nasceria ou eles não conseguiriam caçar, por exemplo.
O termo “bruxaria” foi usado para chamar pessoas que lidavam com o que se chamava de “magia malévola” antigamente. Até hoje é usado pejorativamente para definir qualquer ato contra a Igreja Católica ou feitiços realizados aleatoriamente por aí. Como você pode concluir, não se trata disso. Bruxaria é outra coisa e seus praticantes a levam muito a sério.
O Paganismo seria, então, o modo de viver dos povos pagãos, lembrando que usamos o termo pagão para classificar toda e qualquer pessoa que celebre a Natureza e seus ciclos. A Bruxaria é apenas uma das inúmeras vertentes pagãs. Temos também o Druidismo, o Xamanismo etc.
Como a Bruxaria se desenvolveu?
A Bruxaria desenvolveu-se em diversas culturas e diversas épocas ao redor do mundo.
Temos desde a Feitiçaria na “Pré-História” (quando os homens desenhavam o animal nas cavernas achando que assim capturariam-lhe a alma antes da caçada e as mulheres maceravam ervas buscando a cura), passando pela Bruxaria e Feitiçaria na História Antiga, a Bruxaria Medieval, a Bruxaria nas sombras durante o Iluminismo e o renascimento da Bruxaria, no século XX. Como podem ver, é uma longa história. Nunca existiu algo unificado, no entanto. A história de que a Bruxaria é uma antiga religião que sobreviveu à Inquisição etc etc já foi desbancada por historiadores. Por isso, podemos falar do que é a Bruxaria hoje e identificar crenças, cultos e práticas similares ao longo da história da humanidade.